Os cães estão chegando


Nas noites frias, de corpo de fora
Aguardo o calor dos cães nojentos
Que trazem dinheiro no bolso
Gravata no pescoço
E o cérebro no meio das pernas.

Aguardo os cães no canto da porta
Com a vida esquecida
Com a moral escondida
Com a vergonha exposta.

Espero os cães de alma pobre
Que procuram nas mulheres da vida
Uma grande felicidade
Para suas vidas medíocres
E existências pequenas.

Nos espelhos dos bordeis me vejo
Uma mulher fácil de história dicícil.
Me vejo uma roupa velha
Que desbotada da vida
Sou usada e esquecida nos cantos.

E nos cantos do mundo, me escondo da luz
Procuro por cães que queiram minha carne
Que me comam com vontade
Pois vontades já não tenho
Nem comida às vezes...

Na noite sinto na pele o mundo real
Na alma sinto o julgamento impuro
No corpo sinto toda a tua pobreza
Agora me deixe, que a noite é longa
E os cães estão chegando...

Comentários

  1. reflexos do ambiente em que vives???
    :P
    saudades

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  2. Não, isso é reflexo de uma peça que assisti.
    Eu não chego a ser tão podre assim... ou pelo menos acho que não. hehehe

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  3. reflexo de uma peça? curioso...
    muito bom, vou postar no orkut.
    palavras atentas, observações justas, registros naturais, imagens marcantes.
    gostei...
    e fala sobre uma de minhas facetas, vc sabe qual, uma realidade latente.
    obrigada.
    beijão!

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