Olho o infindável do céu e me
entrego. Estou entregue a forte correnteza do meus pensamentos. Percorro as
imagens da vida. Minha vida corre sobre meus olhos. Vejo tanta coisa que era e
não é mais. Vejo as transformações que ocorrem. Vejo marcas no meu corpo. Cicatrizes
de um vida inteira vivida. Até agora. Há tanta vida. Há tantas cicatrizes. Há tantos
momentos. Marcas em movimento de uma vida que corre. E tudo é movimento. A
vida, o corpo, os momentos. A água que antes era chuva agora é parte do rio. Aquela
simples gota que correu nos céus, tropeçou em nuvens, mergulhou no chão, agora
dorme no leito suave de um rio. Me faço gota pra um dia chover em queda livre. Sou
parte dessa corrida infindável que se chama vida. Correr e transpirar e
transmutar vida em cada poro. Meu corpo é cachoeira que se movimenta. Sou todo
o movimento que corre. Sou toda a vida que transpira. Correr, dançar, pular,
expandir. O movimento ocorre. Olhar, gritar, respirar. O movimento transpira.
Cair, chorar. O movimento transforma. Fluir. O movimento é vida. Sou todo
movimento. Sou o corpo que nasce e o corpo que morre. Entre isso me movo, me
vivo, me mudo, me planto, me cultivo, me sinto. Vivo. Corro sobre a vida que
transcorre na água do meu olho. Me entrego a essa dança recheada de sensibilidade
e transmutações.
Vivo, até nos dias em que morro.
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