Ao cantor que já se foi


Me sinto um sujeito comum
Brasileiramente comum
Um dos que aparece nas letras
Das suas músicas que eu ouço tanto
Queria mesmo é conversar com você
Falar sobre as coisas comuns do dia
Queria ouvir você dizer que o tempo passa
E tudo o que segue chama-se vida
E que é melhor manter os olhos abertos
E ver a vida passar
Na pessoa que anda
No jovem que canta
No homem que fuma
Na mulher que dança
É a realidade que grita
Relembrar com teus versos
Que o sonho é bom,
Mas a vida é tão melhor
Sempre será
Queria mesmo era te falar
Que essa tal de vida
Não anda muito fácil, não.
Tem coisa que é difícil de aceitar
É gente com crueldade no olhar
Que me mata todo dia
Todo ano e o ano todo
Tudo parece desfazer-se
Até o amor de tão liquido
Evapora-se
O trabalho, o trânsito
As festas, as cidades
As pessoas
Tudo se move tão rápido
Já não sei onde me segurar
Só tenho meus medos
Só tenho meus anseios
É a realidade que me esmaga
Os sentimentos que me afundam
E da janela do 13º andar
Em um prédio qualquer da cidade
Eu grito
Mais alto que o próprio prédio
Grito para a noite, para o escuro:
“Meu precipício sou eu”
E repito
Mais profundo que o próprio mundo
“Meu precipício sou eu”
Como sãos perversos meus pensamentos
Que só me mostram o que não quero ver
Um real tão desigual
Só me resta ir pra rua
Manter essa chama acesa
Continuar a amar e mudar as coisas
Tornar os sonhos realidade
E aproximar a realidade dos sonhos
E continuar a ouvir teus versos
Me considerando um sujeito de sorte

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