Por vezes caminho na beira de um lago
chamado passado. Vejo imagens nas águas das memórias antigas. Retiro objetos
úmidos de lembranças. E me pergunto sobre o futuro. E me pergunto sobre o
presente. E me pergunto sobre as memórias. Venho pensando que a vida pode ser
memória. Talvez apenas isso. Talvez só saibamos que vivemos quando lembramos.
De que me adianta viver e não lembrar que vivi? Alguém me sabe responder? Olho
aquelas águas profundas, repletas de memórias e da vida que vivi e deliro sobre
a vida. Sobre a minha vida. Sobre a vida dos outros. Quais serão as memórias
que proporciono aos outros? Será que alguém olha para suas águas passadas e tem
carinho pelos momentos que dividimos? E se eu perder essas lembranças que trago
comigo? O que será de mim? Terei vivido realmente? Quando alguém lembrar de
mim, mesmo que eu não lembre da pessoa, terá existido vida? E se a memória for mera
imaginação? Talvez um desejo que se fez verdade na memória, mas mentira na
realidade. O que fazer? Quando as lembranças são boas, quer dizer que a vida
foi boa?
Tenho medo de não estar nas
lembranças dos outros.
Isso me faz afundar numa poça d’água...
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