Vai. Me fala da vida, do seu caminho.
Me fala de tudo que te trouxe até aqui e sorria como um louco desvairado que
transborda energia. Troveje, esbraveje, grite contra o insensível destino que
te ignora, que te joga no chão, que te despreza, que não faz nada por ti. Tenho
certeza que ele, o destino, não moverá um dedo, nem te consolará, nem te
ajudará em nada, absolutamente nada. Porque o destino não se importa com tua
existência. Já você, nessa vida sofrida e turbulenta, nesse rompante de
otimismo, insiste em crer nele e fazer de tudo para conseguir uma mísera graça,
agrado ou afago. Me fala tudo isso enquanto tenta desesperadamente encher seu próprio
caminho de flores e brilhos e grandezas e sortilégios e candura e beleza e tudo
o que se pode imaginar ou querer. Vai, tenta conseguir tudo vendendo barato tua
alma por qualquer trocado que lhe valha a simples possibilidade de fortuna ou a
ilusão de ter a vida direcionada para algo maior, melhor, algo que de sentido a
todo o teu sofrimento e teus constantes erros e tuas constantes tristezas e
todas as tuas escolhas e cada momento de vida e cada momento de morte. Vai,
fala alto toda essa vontade para que talvez tuas palavras consigam te convencer
e quem sabe convençam o acaso também. Sim, o acaso e não o destino, que só faz te
ignorar. Talvez o acaso acabe com pena de sua fé no futuro e te presentei com
um alento miúdo apenas para te manter imerso nessa ilusão que tu construiu ao
teu redor.
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