Eu quero tantas coisas, mas agora nesse momento, quero algo
simples. Eu quero gritar aos teus ouvidos distantes e surdos e estúpidos...
Gritar que eu sinto saudades, que eu sinto coisas que não queria sentir e que
tudo isso é culpa tua. Foi tua fuga desesperada a causadora dessa... dessa
tempestade do meu ser. São os trovões dessa borrasca que me acordam durante a
noite. Foi teu jogo de esconde-esconde que me fez procurar algo que eu nem
sabia o que era. E eu tenho raiva. Tenho raiva é essa parede de tijolos
invisíveis construída entre nós. Também tenho medo dela. Essa confusão que
existe aqui dentro me faz querer destruir coisas. Me dá vontade de possuir braços
de marreta para destruir. Destruir muros, destruir distâncias, destruir silêncios.
Há tanto por destruir nessa minha indignação. Sabe de onde ela vem? Eu te digo.
Ela é o mais puro reflexo das tuas ações. Uma indignação forjada durante a dor,
em meio ao silêncio, durante viagens longas. Uma das piores dores é saber de ti
pelos outros. É verdade. Dói. É que isso me atingiu como pedra. Pedradas doem.
Não fique brava, não foi por maldade. Foram apenas conversas casuais que
trouxeram teu nome por acaso. Uma casualidade.
Acredito no acaso, mas uma pontada de neurose me faz conjecturar. E se o
acaso não tem nada a ver com isso? E se as palavras que me alcançaram foram criadas
na tua mente? Se tudo foi um plano engendrado nessa sua cabeça irresponsável e
covarde e tantos outros adjetivos que uso para lembrar de você. Eu prefiro
destruir tua imagem com toda a minha raiva e angustia e decepção porque assim é
mais suportável... é mais aceitável, é mais confortável, é mais fácil... É
melhor do que ter que lembrar que foram as minhas palavras que serviram de
cimento para o muro, foram minhas escolhas que te afugentaram, foi meu medo que
te fez correr, foram meus gestos que ensurdeceram teus ouvidos aos meus gritos,
foram os meus erros que construíram essa distância então é mais fácil ter raiva
do que ter coragem de suportar a verdade.
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