O vazio do copo

O fundo do copo 
me faz pensar nas coisas.
Sem muito pra onde ir,
sem muito o que fazer,
penso e espero.

Parado no meu tempo
espero uma salvação que virá.
Por hora, só a bebida vem 
As sensações se perdem.
Entorpecido não sinto os dedos do pé.

Com a cabeça amortecida
tudo é borrão.
A vida. O copo. A espera.
Atormentado por pensamentos
que caem como chuva.

Sou um naufrago de bar.
Encharcado de pensamentos.
Ancorado no presente.
Acompanhado pelo vazio.
Enfraquecido pelos copos.

Parado em mim
não me sinto também.
Não me sinto tão bem.
Me pergunto
onde está a salvação que não vem?

Estranho...
A cada copo só recebo desgosto.
Um gosto amargo de cerveja morna.
Uma espera infinita
estendida até fundo do copo.

E o futuro? O que ele é?
É o desconhecido...
O não saber é o avatar do futuro?
Será essa eterna espera
é o pagamento do querer?

O desconhecido-futuro é estranho.
É espera.
É amargo.
É não saber.
É um copo vazio.

Comentários