E esse desejo incontrolável de tornar o passado eterno.
De reviver na memória aquilo que pulsamos juntos
Porque éramos pulsão de erros,
vida, sorrisos e sangue pra todo lado.
Um passado idolatrado em cada lembrança,
Em cada suspiro, em cada aflição ao olhar pra trás.
Se só restar ir, então vai!
Remoa as escolhas erradas que nos levaram até o hoje.
Olha bem... Daqui de longe, elas já não parecem tão erradas.
Meras consequências de conversas fiadas.
Jogadas ao mundo por almas inconstantes e luminosas
que se apagam no fechar dos olhos
Como disse S.B. (mas ele já não usa esse nome):
“Você é turista de sua própria juventude”.
Então vai! Anda!
Sorria. Engane. Chore. Viaje.
Vá e jogue flores aos mortos.
Injete viagens nas veias abertas.
Deixe sangrar inimizades.
Mergulhe num poço fundo de merda para que a viagem não acabe.
Encontre naquele lugar de sempre o teu pior erro.
Fuja como se não houvesse amanhã
afinal, agora, você pode tudo.
Correr, saltar, pular, subir paredes,
Faça o que seu cérebro derretido mandar.
Mas não tem jeito, você cansa.
Os erros sempre alcançam.
Na justa hora marcada.
Num prédio abandonado.
Num bar aos pedaços.
Num puteiro inacabado.
Tua vida te persegue e te pega de jeito
e te joga no chão para que apodreça
na merda, na lama, no sangue, nas lágrimas.
Não há mais nada o que fazer.
Vai! Não te esconde.
Olha teu pai de frente e veja a sombra da morte no rosto
dele.
Da tua mãe nem sinal, ela morreu sem saber de ti.
Não há mais nada o que fazer.
Vai! Celebra tuas glórias.
Teus feitos cotidianos imundos.
Revisita aqueles que tu destruíste.
Joga na lama teu nome, que já não vale nada mesmo.
Vai e desperta a fúria que tá enjaulada no peito dos outros.
Não pensa, só vai.
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