Construção

Vinho barato, destino incerto, pensamentos mil.
Naquela noite, fui presenteado por uma construção vazia.
Sentei sozinho e a noite me abraçou,
O vinho me esquentou,
E meu olhar perdurou sobre coisas
Do passado, presente, futuro.
Senti o tempo me alcançar
Sentar ao meu lado e conversar.
Voz mansa, continua, fluída,
O resto era escuridão

O tempo falou comigo.
Me castigou com suas palavras duras e exatas e cruéis
E tempestades se formaram na minha cabeça.
O tempo respirou fundo se deixou passar ao meu lado
E do espaço veio a luz.
Amarela e pequena.
Aos poucos se intensificou,
Aos poucos clareou minha mente,
Aos poucos encheu meu olho,
Aos poucos se tornou branca e soberana.

Do espaço veio a luz, era a lua que me acalentava,
Me envolvia com seu toque quente.
Entre o tempo e o espaço eu percebia a vida.
Naquela construção inacabada, meu corpo relaxou
Por dentro, senti fluir algo espesso e quente.
Era o vinho que entorpecia as minhas dúvidas.
Algo me acalmou e me guiou para casa,
Não sei se o vinho, a lua, o tempo ou o espaço.
Sei que passo a passo abandonei aquele lugar inacabado
E segui em frente, um pouco mais próximo de mim.

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