Lá longe, no fim do mundo, onde o
rio já parava de correr, a trilha parava de seguir, onde o tempo, quase, parava
de passar, eu sentei e descansei. Ali no quase escuro, na beira da vida, entre
pedras e flores, eu sentei e descansei. Olhei o escuro na minha frente e
esperei. Sem saber pelo que, mas esperei.
Vi o passado correr no rio,
escorrer até mim e me trazer imagens, dúvidas, medos. Eu estava só, querendo
estar junto. Eu estava no fim, mas queria um início. Eu queria andar, mas não
sabia onde ir. Tantas águas passaram na minha frente que nada eu consegui ver
de verdade. Mirava apenas no meu passado líquido e nele afogava minha alma.
Alguém então se aproximou de mim e sentou do meu lado.
Era por ele que eu esperava.
Sentou e conversamos sobre o
passado próximo, o rio, as dores, o passado distante, a despedida, o fim de um
ciclo, as noites loucas em diversos mundos, o início de tudo. Por fim
conversamos sobre o caminho e a caminhada. Trocamos palavras sobre o nosso
futuro, separados mas unidos, sobre laços, sobre ideais. E só houve espaço para
a sinceridade.
“Foi bom começar a caminhar,
houveram mudanças é claro, mas tudo valeu a pena. Eu sei por que eu sinto isso.
No meu íntimo. Para que nada seja em vão, só há uma coisa a se fazer. Precisamos
continuar a caminhar. Seguir o caminho escolhido. Não perder o fôlego. Não
esquecer as escolhas. Jamais esquecer o que foi deixado para trás. Se tu amas
aquilo que passou por ti, e se doeu deixar aquilo para trás, então segue em
frente. Só assim fará jus ao que ficou.”
Então outras pessoas vieram. E
voltamos a ficar próximos, como a muito não estávamos. Sentados na beira do
rio, olhamos para o fim do mundo e já não havia mais medo. Não havia mais
solidão. Mesmo seguindo por trilhas diferentes,
voltamos a ser um só e o caminho
ficou novamente iluminado.
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