Doce beijo



E seu beijo era doce e suave e tímido e naquele momento era só meu.
Seus lábios me abençoavam e me amaldiçoavam de forma confusa e abrasadora e completamente contraditória.
Seus lábios de Súcubo me tiravam o ar, me distorciam os sentidos, me sugavam a vida
E como uma afronta à si mesma, seu beijo me presenteava sensações, me preenchia, me elevava aos céus, me perdia e me guiava a lugares remotos e eu continuava ali, com os pés no chão e a mercê dela.
Naquele momento eu não era nada mais do que aquele beijo.
Quando por fim se afastou de mim, pude sentir o frio do mundo, a incompletude da noite e a crueldade da vida que nos esperava na próxima esquina do tempo.
Naquele ínfimo período, eu fora fisgado por aquele beijo. O anzol de doçura que havia nela, cravou fundo em mim e diferente do peixe que tenta escapar, eu permaneci ali pronto para a ser puxado até onde seus lábios me permitirem.
Em mim não havia nada além do vício instantâneo e imediato por aqueles lábios que me arrebatavam... 
Ali fiquei.
Ali senti.
Ali calei.
Ali, bem ali. Frente a seus olhos. Centímetros de sua boca. Preso no chão e viciado em seus lábios.

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