Quatro impulsos



Era apenas metade

O inverno estava chegando ao fim quando finalmente falei contigo e abri meu coração e me mostrei e tudo o que recebi foram sorrisos discretos, palavras distantes e um adeus sem sentido. E um vento passou por mim e correndo fui até teus braços e toquei teus lábios com os meus e tudo o que senti foi o vento frio cortando a minha pele e teus lábios fechados em um sorriso que bloqueava a porta da tua alma. Te escrevi cartas e todas elas voltaram abertas e com papeis em branco.


Comemoração de um tempo sem fim

Era aniversário dele e eu não deveria estar ali. Deveria estar em um jantar que não me agradava, mas que necessitava da minha presença. Não fui ao jantar. Eu apareci na porta da casa dele e juntos, saímos para beber e caminhar. Fomos o mais longe que nossas pernas trôpegas conseguiram nos guiar e paramos para lembrar da vida, dos problemas, dos amigos, dos amores e de nós dois e ali naquela varanda desconhecida de uma casa abandonada percebi, ao lado de um verdadeiro amigo, a eternidade do tempo .


Uma noite e algo se quebrou

Naquele bar trocamos palavras, abraços, histórias, brindes e seguimos adiante. Em frente a tua casa, um beijo foi roubado entre palavras distorcidas, que naquele momento não deveriam significar mais do que a uma simples troca de afeto e expressão de amizade. Aquele entendimento errado deixa a noite sem destino certo e como num passe de mágica acordamos olhando o nascer do sol juntos, abraçado e com os dedos entrelaçados e nenhum dos dois segurava a mão de quem realmente amava. Nunca mais te vi depois daquele amanhecer.


Antes que fiquemos no passado


A viagem parecia infinita assim como a distancia que havia se criado entre nós após aquela discussão findada com palavras que jamais imaginei sair de nossas bocas. Fazia cinco anos que estávamos juntos e era engraçado pensar que quando o avião pousasse seriamos apenas passado um do outro. Chegamos e sem trocar uma palavra pegamos as malas, cada um a sua, trocamos olhares e a despedida foi formal. Você chamou o taxi e entrou nele. Sentada no banco traseiro esperou o taxista guardar sua mala. O motorista acelera e antes de ganhar velocidade alguém bate no vidro da porta. A porta ao seu lado se abre, entro, sento ainda ofegante, trocamos olhares, sorrisos, amores e seguimos para a mesma direção. A minha mala ficou jogada em um canto do aeroporto, mas sem ela eu consigo viver. 

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