Tem dias em que o dia surge
nublado, cinza, molhado, frio e é nesses dias que olho para mim e não vejo o
que sou, apenas consigo ver como eu era antes, o que poderia ter sido e ponho em
questão aquilo que escolhi ser ao me deparar com imagens turvas, nebulosas,
profundas que me apertam o peito, me embaralham os olhos, me secam a garganta e
esses pensamentos vem antes da chuva que começa a cair lá fora e que veio para
me afundar na cama, em casa, em um lugar antigo perdido nas lembranças e tudo então
parece incerto e tudo aquilo que penso e reflito e remexo dentro de minha
cabeça parece se reunir em um único facho de luz que vem de longe, do passado, daquele
lugar antigo perdido nas lembranças e essa luz me ultrapassa sem cortar meu
corpo, sem rasgar minha carne, sem mirar no que é físico, pois corre em direção
ao que não pode ser tocado e apenas atinge aquilo que infantilmente chamo de
alma e se arrastada até tocar a minha essência e mexe em minha composição e questiona
minhas escolhas e torna estranho o que me cerca e confunde meus movimentos, meu
dia, meus momentos e tudo então se torna imprevisível, impossível,
impensável...
E tramo essas palavras só para
dizer que o dia nasceu nublado e que sinto saudades do tempo em que minha maior
preocupação era voltar para casa antes do jantar...
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