Perguntas ao longe

Os ventos sopraram fazendo os moinhos girarem.
As ampulhetas foram viradas e sua areia continua escorrendo.
Aquilo de que tanto falei para os que estavam próximos
Está mais próximo que aqueles que me ouviram.
A sombra em que quero descansar está ao alcance dos olhos.
As águas que irei me banhar continuam correndo rumo ao mar.
Aquelas paragens que antes descansava e de onde olhava o céu e o futuro
Estão distantes, mas em breve serão próximas.
Como de costume, carrego comigo minha saudade.
Uma saudade que não tem fim.
Como eterno descontente que sou, quero tudo ao mesmo tempo
Certas paragens, certas águas, certas conversas, certos ventos
Quero tudo entre meus braços e dentro do peito.                                           
Menos a saudade daquilo que não tenho,
Daquilo que imagino ter.
E perguntas me perseguem como fantasmas,
Rondam em silêncio meus pensamentos.

Será que é a saudade que deixa a vida mais iluminada?
É a distância que dá espaço para a minha imaginação me envolver de desejos?
O coração fraco deixa tudo o que não tenho mais especial?
Mais puro?
Mais almejado?

Não deixo o sussurro desses fantasmas me atingirem.
Não procuro estas respostas, pelo menos por enquanto...
Tenho outras verdades para encontrar,
Mas sei que um dia eu terei que olhar esses fantasmas de frente.
Um dia terei que ouvir claramente os seus sombrios sussurros
Que me guiarão até segredos imaculados,
Terríveis, cruéis, mas verdadeiros.

Hoje sinto que esse dia se aproxima
Lenta e sorrateiramente...

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