Entardecer
Porque sinto está dor sem saber da de onde ela provém?
Porque reconheço minhas escolhas sem saber se elas são erros?
Porque não consigo viver sem saber de respostas?
Aquelas palavras não me machucaram... Não me pesaram... Nem me surpreenderam... Mas me afetaram, não sei como, não sei por que, só sei que senti um arrepio ou quem sabe era apenas as ondas sonoras invadindo meus ouvidos e ressonando em todo o corpo.
É talvez...
Noite
Um tempo de espera me veste por completo, com fios de indecisão e enfeites de confusão. Este tempo que me cobre não é apenas meu. Está capa única de tudo o que sinto me causa dor, me causa aflição, me causa vontade de chorar por não saber o que vai acontecer. Ao vestir este tempo, já não sinto a mesma emoção de quando meus olhos eram vivos, de quando o coração estava quieto, de quando tudo era calmaria, mas sem vesti-la não me sentia completo. Agora vestido espero para sentir minhas escolhas girando no mundo.
A minha procura por ser inteiro me causou ansiedade, mas eu já deveria saber. Deveria imaginar que um cego não pode encontrar aquilo que está tão distante da sua compreensão e de seus olhos vazios. E como um cego eu tateava o chão, o ar, as paredes, os obstáculos, tudo para encontrar o que o coração clamava.
Madrugada
E agora só sinto está.... Como posso chamar?
(Chamarei de vela, pois a chama que procuro é incandescente e por ela carrego esta cera junto ao corpo. Também porque sinto a cera derretendo e me ferindo a pele, me ferindo o espírito, me queimando os sentidos.)
Agora só sinto está vela desmanchando-se sobre de mim, nas margens do peito, no limiar da existência, no centro da alma, no fundo dos olhos. Se ela apagar, não sei o que poderá ocorrer comigo... Quem sabe ela leve minha vontade junto com a ultima vivacidade do fogo.
Só preciso esperar... Ah, novamente está capa imunda da espera... Sei que um dia terei um outro brilho, tenho certeza, mas até lá caminharei quase no escuro. Passo a passo. Procurando sentir a chama em mim, mas sem rumo certo... Andando perdido como bom cego que sou...
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