Percepções do eu vivo


Em casa de novo estou
Em velhos lençóis cheios de passados
E o tempo passou para todos
Inclusive para mim
Já não sou o que era antes
Nada é o que era antes
Por mais inerte se sejamos ainda somos diferentes
Não podemos simplesmente dormir
Ou parar o tempo
Ou viver o mesmo
Ou ser os mesmos
Ou sentir o que sempre sentimos
Tudo é mutável
E por isso tudo é completo
E por isso tudo é perfeito
Porque a perfeição reside em tudo
Inclusive na imperfeição
E o paradoxo é fantástico
E o fantástico é inexplicável
Pois nem tudo se explica
A razão é aquela que não brinca
Que tenta em encontrar ordem
Em algo que não precisa disso
Em algo que só a mera percepção
Resulta num turbilhão de imagens
E razões e convulsões e resoluções
Ah! Que doce é a gota do saber irracional
Que não necessita da forma bruta da razão
Mas que se deixa formar pelos traços impróprios da sensibilidade
Sem negar a mutação constante da compreensão humana
Dos assuntos tão vastos e complexos que nos cercam
Como o tempo que transpira em minha alma
Como os lençóis cheios de passados em que durmo
Como a casa que estou e que já não é minha
Como a mudança em que vivo e
Que agora faz parte de mim

Comentários

  1. "MUDAR" ! Eis a única ocupação decente para nossa geração.



    fix

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