Jogada


Escoro-me na porta da tua casa. Esperava falar contigo, mas
Cheguei aqui quando a luz do teu quarto estava se apagando.
Sento. Pego a carta. Olho o envelope. Olho ao redor.
Vejo um cenário negro pela ausência da lua.
Uma rua deserta e sem uma alma viva.
E eu, um homem pálido pela perda de amor,
Que no frio das noites, se cobre de ilusões
Sonhando com o dia que elas se concretizem.
Olho para o envelope branco
Lacrado por lágrimas e desejos reprimidos
E penso no que estou a ponto de fazer.
Deixar em tua porta a confirmação da jura que
Tão secretamente fiz no meu coração.
O medo, a angústia, a esperança, a felicidade, a dúvida e de novo o medo.
Ele me toma e desesperado corro como um covarde.
Coloco a vontade trancada no fundo do coração
E deixo que meus pés me guiem para a solidão da minha cama
E para o repouso de meu sono.
Eu não estou mais ali, porém algo insiste em ficar.
O medo me dominou, mas o destino faz sua jogada.
Eu já não estou lá, mas a carta ainda se encontra na porta de tua casa.
Agora nem medo, nem vontade, nem nada meu controlam o destino,
A minha vida está nas tuas mãos.

Comentários

  1. Poucas pessoas sabem o quanto repousa nestas entrelinhas.
    O bastante para descompassar um coração.
    O excesso, para quem ama , é nada.

    fix

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