Velho Porão


O velho porão permanece úmido.

Ele foi um dos que observaram
A nossa amizade
A nossa infância.
Ele tem, em cada lasca de concreto,
Uma memória de tardes inumeráveis.
Naquelas tardes de várias vidas
Fomos heróis, fomos vilões
Fomos guerreiros, fomos soldados
Fomos magos, fomos jogadores
Fomos tudo o que queríamos ser.
Fomos crianças.
O tempo atravessou o tempo
E crescemos e o porão continua lá.
Imóvel. Sombrio. Misterioso. Triste.
Já não há crianças correndo ali
Já deixamos de criar mundos entre suas quatro paredes.
Ele ficou distante demais para nós.
E nós infantis demais para ele.
Hoje existem apenas memórias nas suas lascas de concreto
E objetos jogados e abandonados em seu chão mágico
E os adultos que recorrem a ele nas lembranças felizes.

Comentários

  1. As telhas estão lascadas.
    Os caibros infestados de cupins.
    A madeira das janelas range com o vento.
    Mas o porão continua lá.
    Intácto ou intangível,não importa.
    Quando a noite cair,se a tempestade vier,
    Estaremos seguros no nosso porão.

    fix

    ResponderExcluir

Postar um comentário