Náufrago Navegador - Segunda Carta

Numa praia qualquer foi encontrada outra parte do relato do navegador do mundo. Sem mais delongas, suas palavras são essas:

“O tempo passa sem que eu queira que ele passe. O tempo me tira tantas coisas, o tempo me arrasta para longe das terras do amor... das terras dos amados... das terras dos amantes... sigo no mar da incerteza, seguindo as águas calmas da solidão, do silêncio, da quietude. Quero o tempo em que todos estiveram no mesmo barco. Mas o tempo não para e o vento continua a soprar. Me levando para o mar, para azul do mar refletindo o azul do céu... E ao olhar para o céu, sinto a solidão da primeira estrela no despontar da noite. Aquela que todos olham, que todos amam, que todos admiram, mas que continua ali no céu. Sozinha. Pois o dia ainda não acabou, e a noite não começou, e ela continua ali... sozinha... Tamanha é a solidão em meio ao céu do mundo, que no céu dos meus olhos chovem lágrimas tão solitárias quanto aquela estrela. Que de tão parecida comigo chora ao me ver chorar. No céu nuvens se formam e escondem o brilho daquela estrela solitária... e minha luz se apaga pela chuva do meu peito, pela chuva dos meus olhos, pela chuva de solidão..."

Parte ilegível por gotas de água do mar, água da chuva ou água dos olhos. Resta apenas a última frase:

"Navego no mundo solitário e a chuva não me dá trégua...”

Comentários

Postar um comentário