Testemunha Lunar

A lua, menina levada que é,
Tem seu temperamento muito mutável.
E num dia que estava de bom humor
Resolveu sair com a beleza que a muito não se via.
Nasce e contempla dois seres conversando
Na varanda da casa de um deles.
Naquele dia a lua pode não saber,
Mas foi testemunha importante,
Foi espectadora numa conversa sobre a vida,
Foi uma agradável presença num desabafo.
A lua via um garoto de cabelos revoltos,
Uma menina de cabelos longos,
Uma soleira repleta de afeição,
Uma conversa que jamais esquecerei.
Garanto que a lua não nos ouviu
E talvez ela nem se lembre,
E talvez a menina já tenha esquecido
E talvez os dois tenham se afastado
E talvez seja difícil haver outra conversa como aquela
Mas não há como negar que o que foi dito
O que foi sentido, o que foi vivido.
Se alguém ousar dizer que não existiu
Pergunte a lua, pois ela é testemunha
Da amizade que havia nos dois corações.