Estamos os dois sentados naquele restaurante que freqüentávamos quando éramos...
Estou eu de cigarro em punho e você com escudo na face. Nenhuma palavra havia sido dita, nenhum olhar havia sido trocado, então me veio da garganta o improvável. Uma fala.
- Você não sabe, mas no início, bem no início, eu não te amava. Depois daquela noite tudo mudou entre nós. Ou pelo menos em mim. – uma tragada funda – Te vi com olhos que nunca esperei ver, era uma nova pessoa. Teus gestos, tuas manias, tuas manhas, teus ideais, tudo havia se modificado, tudo havia me conquistado. Naquela noite te amei com todo o coração.
Um riso e outra tragada. Dessa vez, de leve, bem leve. O riso e a tragada.
- Passei a ter sonhos complexos de futuros intrincados e inevitáveis. Cheios de encontros e desencontros de nós dois. Um ir e vir de sentimentos. Uma vida repleta de distâncias e de proximidades. E sabe? Eu realmente acreditei neles, eu realmente me entreguei aos meus sentimentos...
Um choro parece querer sair, afogo ele com o cigarro. Uma tragada longa e profunda. A fumaça parece ir para a alma.
- Não pude acreditar quando você desapareceu de meus olhos, quando... Bem, você sabe. Não preciso repetir. Ainda deve se lembrar. Foi naquele dia que percebi que eu amei um sonho, não uma pessoa. Foi quando você virou as costas sem dizer uma palavra que vi ao meu lado apenas sonhos e solidão.
Não sei se conseguirei falar tudo, o cigarro está no fim. Me apresso então. Mais um fôlego de fumaça para continuar.
- Eu devia ter seguido em frente, mas esqueci o que me movia. Eu perdi isso a tanto tempo, que já nem sabia se algum dia eu soube. Então fiquei ali, em silêncio, com a cabeça perturbada, com a alma perplexa, com o corpo paralisado. E sabe por quê? Porque todos os sonhos que tive, me machucavam, me cortavam a pele, me matavam aos poucos.
Quanto ainda conseguirei falar? Quantas tragadas terei? Ainda terei alguma?
- Um dia, sem nada de especial ter acontecido, percebi que o amor não obedece as nossas expectativas, que seu mistério é puro e absoluto e que não podemos controlar o coração. Percebi que aqueles sonhos que tive com você, eram bons sonhos. Eles não se realizaram, mas hoje estou feliz por tê-los tido. Você pode não ter sonhado, mas os meus sonhos foram especiais para mim. Hoje sei que somos todas as escolhas que fizemos. Sei que naquele tempo eu escolhi você e você escolheu você mesmo.
Puxo então minha ultima tragada, largo o resto do cigarro no prato, chego bem perto de tua face e solto aquele ar cinza enquanto falo.
- Não te culpo pelo que aconteceu, mas para mim ficaram os sonhos não realizados e para ti só resta este teu silêncio e esta fumaça na tua face. Depois vem o vazio dos dias sem amor.
Saio e deixo o silêncio e a solidão acompanharem aquele coração que um dia já quis para mim.
Estou eu de cigarro em punho e você com escudo na face. Nenhuma palavra havia sido dita, nenhum olhar havia sido trocado, então me veio da garganta o improvável. Uma fala.
- Você não sabe, mas no início, bem no início, eu não te amava. Depois daquela noite tudo mudou entre nós. Ou pelo menos em mim. – uma tragada funda – Te vi com olhos que nunca esperei ver, era uma nova pessoa. Teus gestos, tuas manias, tuas manhas, teus ideais, tudo havia se modificado, tudo havia me conquistado. Naquela noite te amei com todo o coração.
Um riso e outra tragada. Dessa vez, de leve, bem leve. O riso e a tragada.
- Passei a ter sonhos complexos de futuros intrincados e inevitáveis. Cheios de encontros e desencontros de nós dois. Um ir e vir de sentimentos. Uma vida repleta de distâncias e de proximidades. E sabe? Eu realmente acreditei neles, eu realmente me entreguei aos meus sentimentos...
Um choro parece querer sair, afogo ele com o cigarro. Uma tragada longa e profunda. A fumaça parece ir para a alma.
- Não pude acreditar quando você desapareceu de meus olhos, quando... Bem, você sabe. Não preciso repetir. Ainda deve se lembrar. Foi naquele dia que percebi que eu amei um sonho, não uma pessoa. Foi quando você virou as costas sem dizer uma palavra que vi ao meu lado apenas sonhos e solidão.
Não sei se conseguirei falar tudo, o cigarro está no fim. Me apresso então. Mais um fôlego de fumaça para continuar.
- Eu devia ter seguido em frente, mas esqueci o que me movia. Eu perdi isso a tanto tempo, que já nem sabia se algum dia eu soube. Então fiquei ali, em silêncio, com a cabeça perturbada, com a alma perplexa, com o corpo paralisado. E sabe por quê? Porque todos os sonhos que tive, me machucavam, me cortavam a pele, me matavam aos poucos.
Quanto ainda conseguirei falar? Quantas tragadas terei? Ainda terei alguma?
- Um dia, sem nada de especial ter acontecido, percebi que o amor não obedece as nossas expectativas, que seu mistério é puro e absoluto e que não podemos controlar o coração. Percebi que aqueles sonhos que tive com você, eram bons sonhos. Eles não se realizaram, mas hoje estou feliz por tê-los tido. Você pode não ter sonhado, mas os meus sonhos foram especiais para mim. Hoje sei que somos todas as escolhas que fizemos. Sei que naquele tempo eu escolhi você e você escolheu você mesmo.
Puxo então minha ultima tragada, largo o resto do cigarro no prato, chego bem perto de tua face e solto aquele ar cinza enquanto falo.
- Não te culpo pelo que aconteceu, mas para mim ficaram os sonhos não realizados e para ti só resta este teu silêncio e esta fumaça na tua face. Depois vem o vazio dos dias sem amor.
Saio e deixo o silêncio e a solidão acompanharem aquele coração que um dia já quis para mim.
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