Casa na árvore

Duas crianças que a muito se conheciam,
Que a muito se falavam,
Que a muito se amavam como irmãos,
Mas que a muito não conversavam com o coração
Se depararam frente ao mundo.
Aquele grande, distante, frio e solitário mundo.
Ambos viram o que os aguardava.
Ambos sentiram dor pelo que viam.
E ambos se calaram esperando que o outro não houvesse percebido.
Assim o tempo escorreu para longe
E a juventude estava passando
E os caminhos começaram a se distanciar
E os dois começaram sentir a separação
E os corações começaram a doer.
Frente aquela separação inevitável,
O que a muito havia sido escondido apareceu.
Os sentimentos há tanto tempo subentendidos
Ficaram claros como um dia de primavera
E a conversa dos dois seguiu um caminho tranqüilo
E medo e frustrações e desejos e alegrias
Foram expostas e ouvidas.
Nesse momento algo mágico aconteceu,
Seus corações foram ligados por um sentimento pleno
De amizade, de carinho e de cumplicidade.
Ambos perceberam que mesmo olhando o mundo de outra janela
E para outro caminho, teriam sempre um lugar na árvore para se encontrar.