Trovador


Sou sujeito simples,
Composto de trovas e trejeitos,
Que na soleira da terra
Segue silabando versos,
Versificando compostos,
Compondo frases,
Parafraseando o mundo.

Traço trilhas trêmulas
E as trilho aos tropeços.
Trago marcas das rotas passadas.
Trajando roupas gastas e rotas,
Imundas de memórias
E limpas de desgostos.

Rabisco a torto, o direito de marcar
O papel com rabiscos tortos.
Abusando desse pensamento,
Ando, antes de tudo, absorvido
Pelo desejo de transformar
Em trova tudo que vejo.

Sujo o branco do papel
Com as cores de um passado
Que se faz presente na ponta do lápis
E assim marco o pólo do futuro
Que se estende num tapete vermelho
Sob meus pés descalços

Não traço palavras por trocados
As faço por gosto do criar
As crio por gosto ao fazer
A cada risco, corro o risco
De transformar/transtornar
Este trovador que aqui está.

Mas sempre continuo
Eu trovo a todo custo

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