Memorial


Sento nessa tarde melancólica
Em meu lugar do velho banco.
Tenho os olhos tristes de lembranças alegres
As mãos trêmulas por pensamentos firmes
Que percorrem minha mente entorpecida.
O toque da madeira crua e gasta desse banco
Acalma minha alma crua e gasta pela vida.
Sinto cada centímetro de madeira falar comigo.
Eles me contam uma história que viu nessa praça.
Me falam de uma amizade que cresceu em meios às folhas que caiam.
Me narram aventuras infantis que aconteceram a tanto tempo.
Me sussurram segredos ditos entre ternos abraços .
Me dizem que o tempo passa e que muitos se vão.
Percebo pasmo que aquele banco conta a nossa história.
A história do afeto inocente e puro que nasceu em nossos corações.
E o meu, diante de tal percepção, derrama nessas tábuas velhas,
Lágrimas por cima de lágrimas, sendo única causa a tua partida.
O teu sono sem despertar, o teu descanso de baixo do bloco de mármore.
O que mais dói nesse coração agoniado que pulsa em meu peito
É nunca mais ver teu sorriso de perto,
E nunca mais passar tardes conversando e rindo nesse banco que sabe tanto de nós.
Nesse memorial de nosso tempo juntos, um lugar está vazio e outro úmido de lembranças.

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