Ele repousa longamente seu olhar sobre ela. Ela retribui e
sorri e não consegue ver a verdade sobre ele. Vê somente um sorriso simpático. Ele
traz no rosto uma máscara feita de medo. Sempre quer arrancá-la, quebrá-la, mas
não o faz. O medo é mais forte. A máscara oculta o seu olhar febril. Molda um
sorriso simpático que não fala nada. Que é insuficiente. Que é só um sorriso
simpático. Ele fecha os olhos. Sozinho, no seu escuro particular, perdido em
sua dissimulação, pensa e se entrega aos devaneios. Arranca a máscara do medo e
vai até ela que tem nos olhos um brilho de curiosidade e entusiasmo. Numa explosão
surpreendente, as palavras saem, correm soltas como as águas de um rio. No fim
ele sorri aliviado. A euforia toma conta do corpo e o peso do mundo é tirado de
suas costas. Pode finalmente pode respirar. Então ela se ergue, olha ele nos
olhos, vira as costas e vai embora.
O imaginário se desfaz e a realidade volta ao seu lugar. Ela
continua lá, ao longe, olhando para um máscara. Ele continua ali escondido, segurando
todas as palavras, carregando o peso do medo. Abençoa/amaldiçoa sua falsa
proteção.
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