Uma noite perdi o queria...



A noite se encaminhou rapidamente para um desfecho inesperado. Mesmo na ignorância, eu sentia na pele o futuro próximo. Viria em breve uma decisão amarga que desceria arranhando a garganta. Eu ainda não sabia, mas já podia senti-la. Lá no fundo, lá no canto mais obscuro da minha alma, eu sentia um grito rouco e desesperado se formar. Se preparava para sair e alcançar os céus, mas ainda não era sua hora.
O tempo seguiu e no ápice da noite, o momento chegou e senti o peso de uma vida em minhas costas. Um peso que eu não podia, que eu não queria suportar. O grito pronto em minha garganta. Eu vi dois caminhos em minha frente e não sabia o que fazer.
Meus joelhos fraquejaram e cai não suportando tudo aquilo. Desesperado, bati no chão até sentir uma dor latente. Vi o sangue escorrer da minha mão e molhar a terra. Do sangue veio à resposta. Recuperei a calma, fiz o que tinha que fazer. Escolhi um lado e fui em frente com um grito solto dentro de mim.
Trilhei o caminho com olhos mareados, com um peso incômodo, com a mão doendo, com o coração sangrando. Meus passos seguiam perto de um precipício. Senti o mar batendo furiosamente contra as rochas. Um mar verde, límpido, sereno. Por mais agitado que ele fosse, eu só via tranquilidade. Sem duvidar um minuto sequer, me joguei.
Sim, foi uma fuga, mas foi a única escolha que não me doeu. Me senti livre, leve, em paz. Nada mais importava. Coração, sangue, mão, dor, olhos, lágrimas, tudo passou, pois nada é permanente.
No fim, o baque. Um frio intenso. Tudo se turvou.
Até o próximo amanhecer..

Comentários

  1. De alguma coisa,
    de alguém,
    de nós mesmos ...
    sempre é fuga.


    fix

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